Socorro, meu marido (Batata) enlouqueceu!!
Por Mayra Batatinha
Talvez esta
devesse ter sido a minha primeira postagem para vocês, mas confesso que estava
um pouco perdida, sem saber por onde começar. E aí, vendo os comentários
percebi que assim como eu no passado, muitas mulheres (sem generalizar, é
claro!) ainda acham o sobrevivencialismo uma loucura e não apoiam a prática.
Pois bem, meu post de hoje é para vocês e mostra um pouquinho de como achei que
o Batata havia enlouquecido, literalmente.
Já nos
conhecíamos há anos e eu sabia de todo o seu histórico e aprendizado como
escoteiro, da sua consciência Sobrevivencialista. Depois que nos casamos, logo
ele começou a colocar em prática alguns projetos como montar uma oficina, horta, plantar alguns
pés de fruta, fez o cantinho da compostagem, um pequeno estoque de comida. Mas logo que nos
mudamos para o interior Um belo dia ele acordou e disse: “a partir de hoje vou
me preparar pra valer, quero um estoque grande de alimentos, precisamos ter
mais armas, proteger melhor a casa, arrumar fontes alternativas de energia,
aumentar a horta e o pomar e comprar galinhas. Vamos rever nossa estrutura e
economizar água, energia, enfim... vamos construir um bunker!
Din-don!
Para! Para
tudo! – rsrsr ... peguei o bonde andando e quero sentar na janelinha? Quando
ouvi ‘vamos construir um bunker’, aquilo me soou tão surreal que eu tive
certeza de que ele não estava em seu juízo perfeito. Pronto, só me faltava
essa... meu marido enlouqueceu.
Os dias foram
passando e as conversas sobre os planos prosseguiam por horas a fio, enquanto
ele corria atrás de tudo e agilizava para operacionalizar a estrutura.
O ano era de
2009, estávamos no segundo semestre. O cenário econômico mundial vivia uma
recessão devido à crise financeira dos EUA originada pela grande bolha
imobiliária. Nós, que tínhamos um negócio próprio numa pequena cidade do
interior, sentimos imediatamente o reflexo da economia e vimos nosso
faturamento despencar.
Ah, ótimo, lá
vamos nós mais uma vez viver no limite. Puxa aqui, aperta dali e a gente dá um
jeito. Tudo bem, se não fosse um pequeno detalhe... mas e o bebê??? Sim, eu
estava grávida de cinco meses.
Da noite para
o dia tudo mudou. Na hora me lembrei das longas e intermináveis conversas sobre
sobrevivencialismo e tudo aquilo que para mim só fazia sentido se houvesse uma
grande catástrofe natural ou uma guerra, caiu como uma luva. Foi somente
naquele momento que tudo começou a fazer sentido de verdade, afinal não éramos
mais só nós dois... havia um pequeno ser, frágil e indefeso que dependia
exclusivamente de nós.
Foi a partir
dai que eu realmente me convenci de que sobrevivencialismo não é algo absurdo,
muito menos um devaneio. Foi a partir dai que eu realmente comecei a contribuir
de verdade, a me empenhar nos projetos e principalmente a não reclamar mais do
exercícios de campo, ou seja, das ‘idas para o mato’ – mas isso rende um post
futuro.
Uma
experiência pra lá de real
Bom, como
vocês já devem ter presumido... grávida, ociosa e preocupada, quem surtou fui
eu! Ainda mais quando cortaram a energia de casa, sorte que em cada cômodo há
uma lanterna – isso, aquelas mesmas que eu sempre tirei sarro. A minha sorte, e
serei eternamente grata, é que o homem que tenho ao meu lado sempre foi muito
seguro do caminho que trilha.
Depois de
passar um dia chorando pelos cantos, o Batata me sentou na frente do armário de
provisões e abriu a porta. Para o meu espanto tinham coisas ali que eu nem
fazia ideia e ele me disse: “enquanto você me achava maluco, cada vez que íamos
ao mercado eu comprava uma latinha a mais, o que temos aqui é suficiente para
dois meses, com folga”. Em seguida, ele me levou ao quintal e perguntou quantas
vezes eu tinha reparado na horta, se eu tinha noção de que aquelas verduras
complementariam a minha alimentação e supririam as necessidades de algumas vitaminas
para o bebê. E para finalizar ele me mostrou como cortaríamos
algumas despesas, renegociaríamos algumas dívidas e o que poderíamos fazer para
levantar fundos e equilibrar o orçamento.
E assim
fizemos pelos meses que se seguiram e assim fazemos até hoje. Eu,
particularmente, corrigi para mudar alguns hábitos e transformei em rotina
coisas que antes não dava importância. O sobrevivencialismo passou a ter um
peso muito grande no meu dia-a-dia e procuro aproveitar ao máximo os
ensinamentos do Batata marido e outros amigos que são do nosso meio de estudos.
Por fim, não
sofremos tanto com catástrofes naturais frequentes ou grandes conflitos sociais
como em outros países. Muita gente ainda pensa que esse papo todo de
sobrevivência, preparação e afins é loucura, mas a gente só se dá conta da
amplitude do que é ser um Sobrevivencialista e como isso faz toda a diferença
na hora em que o bolso esvazia, a água seca ou a vida vira de ponta cabeça sem que
a gente espere.
E você compartilha deste sentimento, acha que seu parceiro surtou e precisa de uma camisa de força? Que tal nos contar o seu ponto de vista? – ou o contrário, se a sua esposa acha que você perdeu o juízo... compartilhe a sua história, quem sabe juntos, a gente não começa a motivá-la!
Até mais!
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